Durante o início da minha adolescência, minha família sempre me dizia para aproveitar meus dias de menor de idade, pois, segundo eles, essa era a melhor época da minha vida.
Claramente eu discordava.
Pensava, como essa pode ser a melhor parte da minha vida? Não tenho estabilidade financeira, estabilidade emocional, dependia dos meus pais para praticamente tudo…
Sempre tinha em mente que poderia estar fazendo mais, me cobrava demais.
Fantasiava o futuro, e de coisas que poderia fazer, sonhos que poderia realizar.
Da mulher que eu poderia me tornar.
Passava mais tempo fazendo planos para minha vida adulta, do que realmente aproveitar o presente.
Com isso, o tempo foi passando, e eu cresci.
E percebi como minha família estava certa.
A vida adulta é de longe tudo aquilo que fantasiei.
"Vá devagar, sua criança louca.
Você é tão ambicioso para um jovem” — Vienna, Billy Joel.
Ao crescer, entrei em dilemas difíceis.
Quando finalmente tive a vida adulta, ela veio acompanhada de boletos, responsabilidades, pressa...
Comecei a duvidar sobre o que realmente queria ser, do que realmente queria seguir.
Tive a descoberta que existem pessoas no mundo que te desejam coisas ruins e tem o prazer de te colocar para baixo.
Foi então que em volta para casa no metrô comecei a pensar como na infância tudo era mais simples.
Como o abraço da minha mãe resolvia a dor de joelho ralado.
E como as corridas de pega a pega na sala com meu pai e meu irmão fazia o meu dia.
Sem falar da companhia de uma amiga, uma boneca Barbie e um pedaço de um bolo de chocolate conseguiram ser o suficiente para eu sentir a felicidade completa.
Meu anseio de crescer me fez esquecer do que realmente importava.
E na verdade percebi que até mesmo na vida adulta, precisamos enxergá-la com um pouco de infância, para não enlouquecermos.
“A maturidade do homem é ter reencontrado a seriedade que tinha ao brincar quando era criança.”
— Friedrich Nietzsche
Hoje, me tornei a adulta que diz para os mais novos aproveitarem a infância.
Pois, é realmente a melhor parte de nossas vidas.
Mas crescer é inevitável.
É necessário.
Crescer é aprender a lidar com perdas, a se reconstruir, a escolher caminhos, criar seus princípios…
É se descobrir todos os dias, mesmo nos dias mais difíceis.
É ter coragem de seguir em frente, mesmo quando dá vontade de correr pra trás.
E talvez o segredo esteja em crescer... Mas sem perder o que a infância deixou: o encanto, a leveza, a capacidade de sonhar.
Porque no fim das contas, ser adulto também pode ser bonito.
Mas só se a gente não esquecer da criança que um dia fomos.